Monsenhor Bruno-Marie Duffé –   secretário do Pontifício Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano está visitando Brumadinho neste sábado, ele traz a solidariedade do Papa Francisco. O sábado 28 pela manhã, realizou uma visita ao território e às famílias, com caminhada e escuta da comunidade e momentos de oração e celebração.

Durante a caminhada, o nome, de cada um dos mortos na tragédia, foi falado em alto e mais uma vez Monsenhor Duffé se manifestou: “O nome de cada um está escrito na palma da mão de nosso Pai Deus”.

Lastimosamente, a procissão com familiares das vítimas fatais e atingidos pelo rompimento da barragem 1, da Mineradora Vale, com o Monsenhor Bruno-Marie Duffé e as pessoas da comunidade foram impedidas de acessar o local onde se encontram a maior parte dos rejeitos. Naquela região, há algumas casas e o acesso até então estava livre. Foi instalada uma barreira para que o religioso não pudesse chegar até o local.

Frente ao impedimento, Monsenhor Bruno-Marie Duffé ajoelhou-se em frente à barreira criada por funcionários da mineradora Vale e disse: “Estamos no primeiro dia de uma nova missão da igreja, que se deixa tocar, escuta e se faz solidária. Denuncia e anuncia um mundo novo. Grito da terra e grito dos pobres.”

 E acrecentou: «É necessário denunciar, para combater e consolar, ao mesmo tempo. Com Papa Francisco estamos aqui para dar força a vocês. Aqui começa uma história nova. Creio profundamente, no coração, que os homens e mulheres que morreram irão nos dar força, dignidade e liberdade, para uma vida nova mais forte do que a morte».

Monsenhor Bruno-Marie Duffé entregou às comunidades de Brumadinho uma cópia da cruz peitoral de Papa Francisco. Ela, foi entregue à Sandra, uma das lideranças da comunidade de São Benedito. A cruz passará de família em família e ao seu redor haverá momentos de oração, de casa em casa.  Depois de passar por todas as casas, finalmente chegará à igreja principal e fará parte do Memorial de Brumadinho.

O representante do Papa, refletindo sobre o futuro das comunidades, destacou que é muito perigoso ser governado pela lei do dinheiro: «É importante que toda atividade humana seja feita, pensando na proteção da vida. Porque não é possível pensar no futuro, pensar em um novo modelo – como diz o Papa Francisco -, não é possível, se a lei que nos governa é a lei do dinheiro. A nossa lei deve ser a lei da proteção da vida e de toda a biodiversidade, porque a vida humana não pode se desenvolver sem um contato positivo e pacífico com toda a natureza».

Finalmente, após uma série de negociações, pressões e demandas, a procissão conseguiu entrar para homenagear as vítimas. Frei Rodrigo Peret, informado assim, do mesmo lugar dos fatos:

Rompemos e atravessamos o bloqueio da Companhia Mineradora Criminosa Vale que tentava impedir o representante do papa chegar até a lama. A comunidade, o representante do Papa, padres, religiosos e religiosas, no Parque da Cachoeira, em Brumadinho, em procissão não paramos, e chegamos até a lama. Não conseguiram impedir que se abençoasse a lama, Campo Santo de tantas vidas. O território é do povo que nele habita e da natureza que é vida. Monsenhor Duffé abençoou essa grande sepultura de vidas humanas, fruto da ganância das corporações minerarias. O povo rezou pela vida, por suas lutas e dignidade. Nada segura o povo, o amor de Deus e a vontade de mudar a realidade.

Monsenhor Duffé pega em suas mãos a terra contaminada que enterrou as vítimas de Brumadinho